This content originally appeared on DEV Community and was authored by thaisandre
Quando fazemos uma ligação telefônica para uma pessoa para passar uma mensagem, dependemos de outra ação que é a da pessoa atender a chamada. Vamos tentar representar isso em código utilizando a linguagem JavaScript:
function ligacao() {
console.log("eu faço a chamada");
console.log("a pessoa atende e diz alô");
console.log("eu digo alguma informação");
}
ligacao();
A saída será:
eu faço a chamada
a pessoa atende e diz alô
eu digo alguma informação
Callbacks
Na realidade, a pessoa não atende a mensagem imediatamente, ela pode demorar alguns segundos para atender. Podemos representar essa "demora" através da função setTimeout()
que executa uma função após determinado espaço de tempo. Ela recebe dois argumentos - o primeiro é a função que representa a ação a ser executada e o segundo o valor em milisegundos representando o tempo mínimo de espera para que ela seja executada:
setTimeout(() => {
console.log("a pessoa atende e diz alô")
}, 3000);
Como resultado, após 3 segundos, temos:
a pessoa atende e diz alô
Agora vamos utilizar este recurso no nosso exemplo:
function ligacao() {
console.log("eu faço a chamada");
setTimeout(() => {
console.log("a pessoa atende e diz alô")
}, 3000);
console.log("eu digo alguma informação");
}
saída:
eu faço a chamada
eu digo alguma informação
a pessoa atende e diz alô
Note que nosso programa apresenta alguns problemas. A pessoa que fez a chamada (no caso, eu) acaba dizendo alguma coisa antes da outra pessoa antender. Ou seja, a execução não aconteceu de maneira síncrona, mantendo a ordenação esperada. O conteúdo dentro de setTimeout()
não foi executado após a primeira chamada de console.log()
.
Isso acontece porque o Javascript é single-thread. O que quer dizer, a grosso modo, que possui uma stack principal de execução do programa e executa um comando por vez, do início ao fim, sem interrupções. No momento em que cada operação é processada, nada mais pode acontecer.
Acabamos de ver que seu funcionamento é diferente quando o programa encontra a função setTimeout()
. O método setTimeout
pertence ao módulo timers
que contém funções que executam algum código após um determinado período de tempo. Não é necessário importar este módulo no node.js já que todos estes métodos estão disponíveis globalmente para simular o JavaScript Runtime Environment dos navegadores.
A chamada da função que passamos como primeiro argumento para o setTimeout()
é enviada para outro contexto, chamado WEBApi que define um timer com o valor que passamos como segundo argumento (3000) e arguarda este tempo para colocar a chamada da função na stack principal para ser executada - ocorre um agendamento desta execução. Porém, este agendamento só é concretizado após a stack principal ser limpa, ou seja, após todo código síncrono ser executado. Por este motivo, a terceira e última chamada de console.log
é chamada antes da segunda.
A função que passamos como primeiro argumento para o método setTimeout()
é chamada de função callback. Uma função callback é toda função passada como argumento para outra função que de fato vai executá-la. Esta execução pode ser imediata, ou seja, executada de maneira síncrona. No entando, callbacks são normalmente utilizados para continuar a execução de um código em outro momento na linha do tempo, ou seja, de maneira assíncrona. Isso é bastante útil quando temos eventos demorados e não queremos travar o restante do programa.
Nosso código ainda tem problemas. A pessoa que faz a ligação quer apenas dizer alguma coisa após a outra pessoa atender a chamada. Podemos refatorar o código da seguinte maneira:
function fazChamada(){
console.log("eu faço a chamada");
}
function pessoaAtende() {
setTimeout(() => {
console.log("a pessoa atende e diz alô")
}, 3000);
}
function euDigoAlgo() {
setTimeout(() => {
console.log("eu digo alguma informação");
}, 5000);
}
function ligacao() {
fazChamada();
pessoaAtende();
euDigoAlgo();
}
ligacao();
Podemos definir um tempo de espera maior para dizer algo na chamada, mas ainda assim não sabemos ao certo o quanto a pessoa vai demorar para atender. Se ela atender imediatamente, vai demorar para receber a mensagem e desligar a chamada sem que isso aconteça. Além de ser bastante ruim e trabalhoso ficar configurando os tempos de cada execução, o código fica muito grande e confuso com muitas condicionais.
Promises
Para nossa sorte, o Javascript possui um recurso chamado Promise
que representa, como seu nome sugere, uma promessa de algo que será executado futuramente. Como a execução que esperamos pode falhar, este recurso também ajuda muito nos tratamentos de erros.
Segundo o Wikipédia, um Promise
atua como representante de um resultado que é, inicialmente, desconhecido devido a sua computação não estar completa no momento de sua chamada. Vamos contruir um objeto Promise
para entender como ele funciona:
var p = new Promise();
console.log(p);
Isso vai gerar um TypeError
com a mensagem "TypeError: Promise resolver is not a function". Um objeto Promise
precisa receber uma função para resolver um valor. Ou seja, precisamos passar uma função callback para executar algo:
var p = new Promise(() => console.log(5));
Este código imprime o valor 5. Agora vamos imprimir o próprio objeto Promise
:
var p = new Promise(() => console.log(5));
console.log(p);
Saída:
5
Promise { <pending> }
Note que executou o callback, mas seu estado está pendente. Toda vez que criamos um objeto Promise
, seu estado inicial é pendente já que representa a promessa de algo que será resolvido no futuro. Neste caso, como o callback será executado de maneira síncrona, vai imprimir o resultado de sua execução. E, portanto, não é útil neste caso específico.
Pode acontecer do callback executar o processamento de um valor que será necessário no futuro. Para que este valor esteja disponível, será preciso que a promessa seja resolvida através da função anônima resolve()
que cria uma nova promessa com o valor realizado. Exemplo:
var p = new Promise((resolve) => {
resolve(5);
});
console.log(p);
Saída:
Promise { 5 }
Agora a promessa não está mais pendente, ela foi resolvida e embrulha o valor 5. Isso quer dizer que tudo deu certo. Porém, ainda é uma promessa. Para imprimir o valor, precisamos utilizar o método then()
que anexa callbacks para a resolução:
var p = new Promise((resolve) => {
resolve(5);
});
p.then(value => console.log(value));
Mas um erro pode acontecer quando a promessa tentar resolver um valor:
var p = new Promise((resolve) => {
try {
throw new Error("algo de errado ocorreu");
resolve(5);
} catch(err) {
return err;
}
});
console.log(p);
p.then(v => console.log(v))
A promessa está pendente, mas nada foi executado ao chamarmos then(v => console.log(v))
. Isso acontece já que ela não foi resolvida por causa de um erro. Para sabermos qual erro ocorreu, precisamos passar outro callback que será responsável por tratar falhas quando a promessa de um resultado for rejeitada, chamado reject()
.
var p = new Promise((resolve, reject) => {
try {
throw new Error("algo de errado ocorreu");
resolve(5);
} catch(err) {
reject(err);
}
});
E após a chamada de then()
, que só será executado em caso de sucesso, chamamos o catch()
que será chamado em caso de erro:
var p = new Promise((resolve, reject) => {
try {
throw new Error("algo de errado ocorreu");
resolve(5);
} catch(err) {
reject(err);
}
});
// console.log(p);
p.then(v => console.log(v)).catch(err => console.log(err.message));
O estado da promessa será rejected e vai imprimir a mensagem de erro na execução do catch()
.
Promises são bastante úteis para chamadas assíncronas, quando precisamos saber sobre os estados de execuções futuras e tratar melhor as partes do código que dependam dessa execução.
Agora, vamos voltar ao nosso exemplo. Podemos utilizar Promises
para melhorar o código e fazer com que a pessoa que fez a chamada diga algo após a outra pessoa atender a chamada:
function fazChamada(){
console.log("eu faço a chamada");
}
function depoisDe(delay) {
return new Promise((resolve, reject) => {
setTimeout(() => {
let atendeu = Math.random() > 0.5;
if(atendeu) {
resolve("alô");
} else {
reject(new Error("a pessoa nao atendeu"));
}
}, delay);
});
}
function ligacao() {
fazChamada();
depoisDe(3000)
.then((msg) => console.log(`a pessoa atende e diz ${msg}`))
.then(() => console.log("eu digo alguma informação"))
.catch(err => console.log(err.message));
}
ligacao();
Async/Await
Nosso código funciona e conseguimos representar uma chamada telefônica mais próxima da realidade. Porém, o código da função ligacao()
possui uma chamada encadeada de várias promessas - e poderia ser muito mais complexo do que isso, como muitas chamadas encadeadas de then()
. Dependendo da complexidade dessas chamadas, pode ser um código difícil de ler e entender. Um código síncrono é, na maioria dos casos, mais fácil de ler e entender.
Na especificação ES2017 foram introduzidas duas novas expressões - async
e await
- que deixam o trabalho com Promises
mais confortável para o desenvolvedor. A expressão async
é utilizada quando queremos criar funções assíncronas. Quando posicionada antes da declaração de uma função, quer dizer que essa função retorna um objeto do tipo Promise
:
async function retornaUm() {
return 1;
}
console.log(retornaUm());
retornaUm().then(console.log);
Que vai gerar a saída:
Promise { 1 }
1
Portanto, ao utilizar a expressão async
em uma função, seu retorno é embrulhado em um objeto Promise
. Agora que entendemos como funciona o async
vamos ver como o await
funciona.
O uso do await
somente é permitido em escopo de um função async
- deste modo, a palavra-chave async
além de embrulhar seu retorno em uma promessa, permite o uso do await
. A palavra-chave await
faz com que o JavaScript espere até que uma promessa seja resolvida (ou rejeitada) e retorne seu resultado.
async function retornaUm() {
return 1;
}
async function retornaDois() {
var num = await retornaUm();
return num + 1;
}
retornaDois().then(console.log)
A função retornaDois()
faz uma pausa na primeira linha e segue sua execução quando a promessa retonraUm()
é resolvida. Portanto, espera a promessa ser finalizada. O mesmo acontece quando o valor é rejeitado:
async function funcao() {
await Promise.reject(new Error("um erro ocorreu"));
}
funcao().catch(err => console.log(err.message));
E é similar a:
async function funcao() {
await new Error("um erro ocorreu");
}
funcao().catch(err => console.log(err.message));
Como lança um erro, podemos fazer um tratamento com o bloco try/catch
:
async function funcao() {
try {
await Promise.reject(new Error("um erro ocorreu"));
} catch(err) {
console.log(err.message);
}
}
funcao();
Note que o código fica mais fácil de ler e raramente usamos as chamadas encadeadas de then()
e catch()
. Com a introdução de funções assíncronas com async/await
, a escrita de um código assíncrono fica parecido com a escrita de um código síncrono.
Agora que aprendemos como funciona o async/await
, podemos refatorar nosso código para utilizar este recurso:
function fazChamada(){
console.log("eu faço a chamada");
}
function depoisDe(delay) {
return new Promise((resolve, reject) => {
setTimeout(() => {
const atendeu = Math.random() > 0.5;
if(atendeu) {
resolve("alô");
} else {
reject(new Error("a pessoa nao atendeu"));
}
}, delay);
});
}
async function ligacao() {
fazChamada();
try {
const msg = await depoisDe(3000);
console.log(msg);
}catch(err) {
console.log(err.message);
}
}
ligacao();
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thaisandre | Sciencx (2021-05-11T01:35:30+00:00) Programação assíncrona. Retrieved from https://www.scien.cx/2021/05/11/programacao-assincrona/
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